CORTESÃO, ARMANDO (1974) CARTAS DE LONDRES 1941-1949. COIMBRA: BIBLIOTECA GERAL DA UNIVERSIDADE. DE 22X15CM. COM 409 PÁGS. B
Reúne a correspondência e as reflexões de Armando Cortesão durante o período em que viveu em Londres, em plena Segunda Guerra Mundial e nos anos imediatos do pós-guerra.
Estas cartas constituem um testemunho histórico e intelectual de grande valor, revelando o pensamento, as observações e o papel de Cortesão.
"As «Cartas» que entre 1941 e 1949 de Londres enviei para a Seara Nova abrangem quase todo o período da Segunda Grande Guerra Mundial, que começou em Setembro de 1939, quando as tropas hitlerianas invadiram a Polónia, e terminou quando as potências do chamado Eixo incondicionalmente se renderam aos Aliados — em Setembro de 1943 (Itália), Maio de 1945 (Alemanha) e Setembro de 1945 (Japão). Trata-se da maior calamidade de que há memória, sem paralelo na história da Humanidade. Foram seis anos de infâmias até então inimagináveis, sofrimentos e misérias indescritíveis, e heroísmo que, pela sua enormidade, horror, ou grandeza, jamais devem ser esquecidos. Da monstruosa hecatombe provocada pelas três potências do Eixo se pode fazer ideia pela morte de dezassete milhões de militares e quarenta e três milhões de civis, com perdas materiais avaliadas em 1.348 biliões de dólares, segundo regista a última edição da Encyclopaedia Britannica, artigo «War». Nem todas estas «Cartas» se ocupam propriamente da Segunda Grande Guerra, mas sempre de algum modo com ela se relacionam, pois até certo ponto reflectem o ambiente político e social em que nesse tempo se viveu. Só algumas das «Cartas que de Londres enviei à Seara Nova então obtiveram autorização da Censura oficial portuguesa para ser publicadas. Infelizmente muitos dos originais dactilografados e suas cópias, das «Cartas» que foram publicadas, por vezes com mais ou menos extensos cortes da Censura, se extraviaram ou de alguma forma ficaram inutilizados no decurso da minha acidentada vida, durante a Guerra, em Londres, depois seis anos em Paris, na UNESCO, e finalmente o regresso à Pátria em 1952, já decorridos vinte anos de exílio político.Não deixa de ter certo interesse publicar também agora, após tão longas trevas, as «Cartas» nesse tempo totalmente cortadas pela Censura mas cujas cópias dactilografadas felizmente ainda consegui encontrar. Os trechos censurados nas «Cartas» que, mesmo mutiladas, chegaram a ser impressas e cujos originais sobreviveram, aparecem agora entre parênteses quadrados [ ]." Armando Cortesão
Nota: Capa de brochura empoeirada e lombada com vincos.