INVENTÁRIO DO PATRIMÓNIO IMÓVEL DOS AÇORES. HORTA: FAIAL. COORD. JORGE A. PAULUS BRUNO. [S.L.]: DIRECÇÃO REGIONAL DA CULTURA; [S.L.]: INSTITUTO AÇORIANO DE CULTURA; HORTA: CÂMARA MUNICIPAL DA HORTA, 2003. DE 22X24 CM. COM 321, [1] PÁGS. ILUST. B.
“(…) Com uma dimensão que ultrapassa as 320 páginas, a obra, antes de mais, convida o leitor a navegar pelos incontáveis anos que definiram e moldaram o património vegetal da ilha e pelos mais de 500 anos de história faialense, relembrando, pois, que a riqueza patrimonial não se cinge aos bens materiais visíveis, mas que estes são um resultado da centrifugação de forças culturais, naturais e paisagísticas que moldam o comportamento dos homens ao longo dos séculos. Esta vertente é devidamente salvaguardada nas palavras do coordenador do projecto e presidente da direcção do Instituto Açoriano de Cultura, Jorge Augusto Paulus Bruno, quando afirma que o património edificado dos Açores resulta das características naturais de cada ilha, do tipo de ocupação a que cada uma assistiu e das respectivas actividades sociais, económicas e lúdicas.
Neste volume, é ainda de realçar a permanência do rigor técnico, comprovado pela forma como foi formulada a identificação de cada imóvel, obedecendo a rigorosos parâmetros metodológicos e científicos, na qual são apontados a tipologia do imóvel, com uma descrição sumária do mesmo, a sua localização, estado de conservação, fim utilitário e data do respectivo inventário. Aponte-se, ainda, a existência de um breve glossário, que permite a elucidação de termos específicos utilizados na descrição das habitações rurais e urbanas. Obedecendo a estes requisitos, foram registadas 211 espécies, identificadas por fotografias coloridas actualizadas, que espelham o rosto concelhio na sua dimensão mais profunda e diversificada. A inclusão de mapas tipificados, no início do trabalho, permite ao leitor orientar-se no que concerne à localização e quantificação das unidades paisagísticas construídas (7 registos) e dos conjuntos edificados (27); dos legítimos representantes da arquitectura doméstica (84 exemplares), civil (18), religiosa (25), militar (4); e da diversa construção utilitária, designadamente unidades agrárias, piscatórias, artesanais, industriais e ainda pontes, aquedutos, estradas e mirantes (40 inventários).
Entre as 211 espécies inventariadas, predominam as construções recentes, datadas dos séculos XIX e XX (169 exemplares), embora seja possível apreciar alguns edifícios coevos aos primeiros tempos do povoamento insular, como é o caso do portal e da torre sineira da igreja da freguesia dos Cedros ou do castelo de Santa Cruz. Estes e outros registos mais antigos devem servir de motivação para que as entidades responsáveis pela manutenção dos edifícios públicos e privados não se descurem na sua tarefa de “conservadores” da memória, para mais quando a estatística ainda lhes é favo rável: dos 211 imóveis, 66 são classificados como encontrando-se em bom estado de conservação (31,2%); 80 em estado razoável (37,9%); 48 em mau estado (22,7%) e 17 (8%) em ruína.» Susana Goulart Costa
Ilustrado com reproduções fotográficas impressas a cor.