MATOSINHOS: UMA CIDADE ASSIM. FOTOGRAFIAS DE
GABRIELE BASILICO, AUGUSTO ALVES DA SILVA, DESENHOS DE ÁLVARO SIZA. MATOSINHOS:
C.M., 1996. DE 24X26 CM. COM 123, [1] PÁGS. ILUST. B.
O fotógrafo Gabrielle Basílico é arquiteto de formação. A
ambiguidade desta relação manifesta-se no prémio especial na Bienal de Veneza,
que lhe foi atribuído em 1996 pela fotografia no campo da arquitetura contemporânea:
o lugar do arquiteto e o lugar do fotógrafo. O encontro de Gabrielle Basílico
com Álvaro Siza, em 1994, esteve na génese da própria ideia de Uma Cidade
Assim. Uma Visão partilhada do olhar do arquiteto sobre uma terra que é a
sua, que ele mantém, mas quer modificar, e o olhar do fotógrafo, que levanta a
estrutura dos volumes e das perspectivas, do velho e do novo. Estes olhares
poderiam ou não coincidir. Necessariamente, acabaram por se identificar. As
fotografias de Gabrielle Basílico são uma leitura feita e reencontrada por
Álvaro Siza, a cidade da memória do futuro, em que Siza condicionou o olhar do
fotógrafo. E é assim que o destroço consumado de Matosinhos Sul e já o espaço
do inevitável, deixando presente a necessidade dessa mudança.
Esta simbiose é uma tentativa para explicar estas imagens
arquitectónicas de uma cidade vazia, que, entretanto, é evitada pela luz. De
semelhante em Álvaro Siza, a profundidade da perspetiva na simplificação dos
seus desenhos.
É a vivência de uma cidade, em plena cor e em pleno movimento,
esclarecida pelos rituais icónicos, que nos é apresentada nas imagens de
Augusto Alves da Silva. É uma cidade jovem, múltipla, do Homem anónimo. Uma
cidade percorrida. Aí não cabe a memória dos lugares nem a planificação do
futuro. A cidade hoje é e passa.
Edição cuidadosamente impressa sobre bom papel, ilustrada com
notáveis desenhos de Siza Vieira e belas fotografias de Gabrielle Basílico e
Augusto da Silva